Talvez seja desnecessário iniciar esse texto apontando seu parentesco com o famoso complexo de castração de Freud, portanto iniciarei destacando suas diferenças;
A começar não falo em medo, em ameaça, falo na perda do falo de fato.
Essa perda não ocorre na infância, em geral, e sim na faixa entre os 20 e 30 anos. (Quando digo "em geral", quero dizer que ela pode ocorrer em qualquer estágio da vida, estou apenas destacando o período no qual mais vejo isso acontecer, mas ficará claro que isso também é, quase que exclusivamente, pela situação social em que me localizo).
A faixa dos 20 aos 30 anos é terrível! Tão terrível que pra sair dela muitos não veêm outra saída senão virar seus pais. Pronto, se essa é sua decisão, estás castrado!
Até sairmos no colégio sonhamos. Vamos ser engenheiros, médicos, advogados. Vamos sair aos sábados com a galera. A felicidade, que normalmente é acompanhada pela sensação de liberdade nos trai.
Primeiro, fazer a faculdade:
Missão terrível de conformidade com limites da chamada ciência, com os métodos, com as burocracias; se você quer ser alguém tem que fazer mestrado, pra isso tem que fazer IC, ou seja, não há espaço para criações em uma universidade, apenas para copiações, estuda-se o que já se sabe e o que não se sabe, recorta-se nos moldes que são aceitos. Mas aceitos por quem? Se aquilo é novidade como alguém pode saber como demarcar sua linguagem? Fingi-se o novo: Porque pesquisar o efeito de antidepressivos tricíclicos em ratos albinos é diferente do que em camundongos albinos. Quanta inovação, não?
E esse é o limite, a fronteira permitida. A grande questão castradora aqui é essa. Torne-se residente do território científico ou seja um pária acadêmico! É o nacionalismo fictício. Em uma nação inventada e formada excluvisamente por castrados castradores.
Uma alternativa? Jogar tudo isso para o alto! Graduar-se de maneira única, de maneira própria, seguindo seus conceitos ético-estéticos. Até o fim da faculdade incontáveis tentativas de passar a faca em seu pipi vão ocorrer, o mais triste, em geral são seus próprios amigos que tentam fazê-lo. Oras, nada mais justo, seu amigo que gosta de um bom laboratório, tem que trocar a serragem de ratos todo dia, passa fins de semana fazendo planílias sobre os resultados, tem todo o trabalho que sabemos que de fato a ciência exige do cientista. De repente ele olha pra você: feliz?! Como pode? Você consegue ir à praia e ainda assim tira boas notas, acompanha as matérias apesar de faltar quase que metade das aulas? E o esforço dele? De que valeu tudo aquilo? Ele precisa de garantias! Então fazem congressos para mostrar seu valor uns para os outros. E no fim de tudo perguntam "e ae, como andam as coisas na faculdade?". Quer uma tentativa maior de castração que essa?
Se você ainda conseguiu superar tudo isso vem a mais óbvia de todas, que engloba não só os universitários, mas todos, de uma forma ou de outra: o dinheiro!
Adolescentes de uma forma ou de outra querem uma liberdade, que não é possível, até mesmo pela impossibilidade de dirigir um carro ou moto até os 18. Então esperamos...ansiosamente...pelo dia que poderemos fazer o que quisermos!
Não não. Não pode!
Não é a toa que seus pais são infelizes, que eles não tem vida, que parecem apenas estar sentados, deitados, esperando a morte chegar. Eles foram castrados!
Não vou me extender nessa explicação pois ela é tão difundida que chega a ser clichê.
Para ser livre precisa de $ -> para ter $ precisa trabalhar -> trabalhar consome todo o tempo e energia que uma pessoa comum está disposta a gastar.
Solução?
A busca por uma solução deve ser o maior obetivo de uma vida, principalmente se você tem entre 20 e 30, pois o que tenho observado é: se até os 30 você não achou a tal solução, a tendência é parar de buscar. Sabe, isso cansa!
Nadar contra a maré.
Pensar, ao invés de obedecer.
Ser diferente, invoar, criar.
Ser motivo de piadas omissas.
Quem sabe os falo ainda não se juntem. Não para algo em específico, mas para se potencializar e realizar sua acesse sobre as guilhotinas que tanto querem suas glandes.
Assim, os párias não precisariam andar com suas cabeças baixas e seus olhos cansados. A menos que queiram.