Num início de noite, ao som de Bartók, percebo - pobre de Bartleby.
Parece uma constatação tão óbvia que apenas alguém carregado de muito sofrimento pode surgir tão inventivo, criando, como Deleuze brilhantemente enuncia, até uma língua dentro da própria língua inglesa. Mas alguém checou o calor do corpo de B., antes deste parar definitivamente de respirar?
A língua do esgotado, do desistido, daquele que apenas prefer; potente e tudo mais. Grande Melville, mas esquecemos do calor de B. (uma vez que este não teria lágrimas para verter, assim nunca poderíamos esquecer de suas lágrimas).
À semelhança de Gregor Samsa, que sofre calado, apenas para nós, estamos ignorando o vazio de B. enquanto o contemplamos.
Da possibilidade de um futuro sem passado
Há 10 anos
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