sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Des-envoler

Será esse o futuro das relações?
Quando falo em futuro não quero dizer que antes, considerando a história da humanidade, era diferente, quero dizer na história de um homem.
Será que a "Locadora Paraíso" estava certa, afinal, o melhor que uma pessoa pode fazer é desenvolver a habilidade de des-envolver?
Acho curioso essa palavra; desenvolver, penso que ela tem uma conotação tão forte de progresso, algo meio que positivista até, mas no fim, o progresso pode ser alcançado com a habilidade de perder algo, deixar algo pra trás, sem deixar parte de nós junto.
A falta é um progresso, o próprio tempo nos exige que aprendamos a lidar com ela; pra mim esse é o grande paradoxo que trago: a superação, o progresso, o futuro, nada disso será alcançado por nós, mas para andarmos lado a lado com esses conceitos precisamos, as vezes procurar o menos, ao invés do mais.
Terminei a pouco de assistir o filme "Click", um dos melhores filmes já feitos, em minha opinião. A crítica que "entende" de cinema em geral diz que esse filme é clichê...bom, obviamente se eu me importasse em não ser clichê não proporia um tópico como esse, mas a discução sobre potencialidades ou não dos clichês deixo para uma outra oportunidade, se eu não for morto pela gripe suína antes (ou qualquer outro motivo).
Voltando ao "Click" e sua "clichecidade"; a proposta do filme é falar sobre não perder oportunidades, pois o tempo é linear e uma vez que um dado ponto dessa linha passou, ele nunca mais poderá voltar, então devemos aproveitar cada ponto dessa linha ao máximo!
Talvez aqui eu extrapole um pouco, até porque pretendo falar sobre um conceito que não conheço, apenas reconheço, mas essa proposta não pode deixar de me remeter ao eterno retorno de Nietzsche que, pelo que percebo, fala sobre aproveitar cada instante, não sob uma ótica de o que é certo ou errado, mas sob a lente do eterno - como sendo desejado que cada momento se repita eternamente; desejar cada momento, dentro de uma perspectiva ética-estética existencial.
Essa associação não faço apenas pela arte de filosofar (que pra mim apresenta em si mesma um fim admirável), mas para trabalhar o des-senvolver, da seguinte forma:
Se os instantes são únicos mas ao mesmo tempo devem ser sentidos como eternos, como nos desprender?
Talvez aqui eu fale com um aspecto extremamente particular meu, um homem que anda carregando mortos, mas devo falar mesmo assim.
O eterno é um sonho de criança, ao crescer, com o tempo, vejo que nós devemos perceber esse sonho e abandoná-lo. Por muito tempo me recusei a fazer isso e aceitar essa idéia e fui feliz e infeliz, sendo um feliz infeliz e um infeliz feliz, mas como um tio avô meu um dia me disse "sem alegria, nada vale a pena", então para crescermos temos que aprender a nos contentar com menos para almejar o eterno, que nunca será alcançado, buscando apenas uma felicidade, não A felicidade.
Isso é crescer, isso é se des-envolver.

Talvez essa idéia tenha criado um certo mal-estar naqueles que, como eu, ainda querem ser convencidos do contrário, aqueles marmanjos de 24 anos que sabem que papai-noel não existe mas acorda toda noite de natal simplismente desejando acreditar. Eu também desejo acreditar, o Peter Pan em mim ainda luta, apesar da Sininho ter morrido. Mas a morte também vem pra bem, também com ela temos que nos des-envolver.

Esse post foi um pouco perdido e brainstormer, então talvez não tenha sentido algum mas esse é um risco que vou correr para praticar minha catarse, espero que possa ser de alguma forma apreciável a algum de vocês.

Mas talvez, para conseguir um passo a mais rumo a assassinar Peter Pan eu ainda precise da sua ajuda; "If you love me won't you let me..."go.

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