segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"Está respirando?"

Num início de noite, ao som de Bartók, percebo - pobre de Bartleby.
Parece uma constatação tão óbvia que apenas alguém carregado de muito sofrimento pode surgir tão inventivo, criando, como Deleuze brilhantemente enuncia, até uma língua dentro da própria língua inglesa. Mas alguém checou o calor do corpo de B., antes deste parar definitivamente de respirar?
A língua do esgotado, do desistido, daquele que apenas prefer; potente e tudo mais. Grande Melville, mas esquecemos do calor de B. (uma vez que este não teria lágrimas para verter, assim nunca poderíamos esquecer de suas lágrimas).
À semelhança de Gregor Samsa, que sofre calado, apenas para nós, estamos ignorando o vazio de B. enquanto o contemplamos.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Arte

Arte não é, senão, tempo.
Um processo explosivo e compactador
de forças que se trombam num espaço-temporal,
que geram estrondos relampejantes nesse choque
guiado pela mão do artista.

A leve e imprecisa mão do artista.
A mão que molda um fluxo invisível e delicado de tempo.

Uma peça de piano não é arte no momento final que se completa,
arte só pode ser se incompleta, mesmo que já terminada,
incompleta enquanto ainda explode.

Arte não é, senão, tempo.
mesmo que seja um tempo instantâneo,
da previsão de um futuro que vem acontecendo
e que nunca chegará.

quinta-feira, 31 de março de 2011

The unspokable tale of you (part II)

Step, step, step.
Pain, pain, pain.
Why did it hurt so much to walk? Was it the lack of perspective?It always made it harder.Or the feeling of disapointment for the fear Polianna was feeling that he did not know that he could feel? But that's one thing about fear, we never know how big it's gonna be till sereval moments after it is.
It could also be the lack of time passing sense.
He could be there for a few days now, he would not know. Maybe it had been years! Or moments, seconds. Maybe he had alwyas been there, just dind't know. Or had it been a couple of lives since he started the walking journey; time in which his mother would have died, and so would Eva and they could be looking for him in the deepest alles of the underworld, without ever finding it...him.
How could they? He was not yet dead. But he was walking, since he didn't have anything else to do.
The obvious sequence of randon events following each other is the main reason this story was never told before. Men can rarely bear the free caos, it is his greater enemy, and what really happened to Polianna.
A few moments later he turned into a butterfly.
And was eaten by a chamealeon.

The unspokable tale of you (part I)

A long, long time ago...In a far, far away place, only known as Here, the events which I'm going to tell you took place.
This is the story of a man, and such story had never been told before for the cruel strenght of its components, or is it this the real reason? Anyhow, I think the real reason will speak for itself.
It was a shining sunny day, but that was miles away from where Polianna was, above the clouds that cast a gigantic shadow upon him.
There, shadow and the red dirty soil which rose as a red mist, as thick as it could be, still.
What was he doing there he could not tell. The last thing Polianna remembers was being in his apartament, with a computerly controled weather and which was always sunny with the bluest skies there is (if there is such in fact) and very few clouds traveling around, every once and then.
But now he was standing there, over a hard, brutal land with no landscape, so what could he do, but walk?
As he was striding down, along the pathless direction there was, he started thinking that even if he knew where he was going, would he really know where to go? Where could he return to?
A lousy job, which he hated?
A mediocre life in a safe building and neighborhood?
Or the few people who would miss him? The three or four of them? Or maybe two.
And among these people, for sure his girlfriend, Alice, was not included, for in fact, the day he had gone was the happiest of her life, for his vanishment was more than a relief, it was a work saver for her.
He did not disbelieve that she would cry for his departure for a couple of days, time enough to seek comfort in the arms of someone else. Maybe his friend: Freddy, who had always had eyes for Alice. But let that be, for in the red mist he was, that did not matter, at all.
His mother would surely miss him, for now and maybe the remaining days of her life, unfortunatly, there were only a handfull, for she suffered from a disease, an illness of the nerves, as the doctors would say, which caused her brain to degenerate indefinetly.
She didn't require him, she had medical assistence in her house, which was paid with the money earned from the life ensurance left from his father, in the event of his early death.
His father had died in a terrible tragedy - an airplane crash, as sudden and brutal as it can be, he left early (that might be the fate of Polianna's family). He would probably miss him too.
It did not make sense one have this kind of thoughts in such a harsh place and so Polianna tryed to concentrate in each step taken (for guilty), but it was too hard, for each step taken would cause such a tremendous pain in both feet. But the thought of stopping was to create a pain even worse, the impression of a soul shattering into million of pieces and getting lost as soon as they entered the thick mist. Maybe it was the survival instinct speaking.
-Eva must miss me!
Polianna thought, for she was such a good friend, they had always got along well, since high school times. She was a person who really cares for a friend and looked after Polianna in several ocasions (But why in such a red mist any of this things would really matter?).
Once they tried to have something, but it didn't work out, it really seemed like they were meant to be just friends. Though most people think not, it's possible for men and women to share this fate.
Maybe Eva was the only one that could really miss him.
- Such suffer, ain't I a terrible friend?

segunda-feira, 28 de março de 2011

Belas e feias contradições; mas no fim, humano, demasiadamente humano

"Não confio em ninguém que não se contradiz"

Essa citação que sempre uso, mas nunca lembro o autor vai iniciar essa mini-jornada pelo reino do nada.
Esse tudo que permeia a vida social e política, dos interesses e motivações, motivos e vontades, desejos e desejar pelos outros, os outros, com os outros, sozinho:
"Raramente se engana quando se liga o exagerado à vaidade, o mediocre ao costume e o mesquinho ao medo"
Nietzsche - Humano, demasiadamente humano. (citação recolhida da Wikipédia)

As pessoas querem ser mandadas. É mais fácil, para ambos os lados - e não querem escolher quem os manda. Aqueles que querem não são pessoas contemporâneas, são máquinas do tempo, de um tempo remoto e atual, tragadas para os dias de hoje através de livros vermelhos.
Ótimo, quando alguém quer se preocupar com o que ninguém mais quer. Que não encham nosso saco!
Sempre achei lindo o direito de se abster; a política envolvida nas entranhas daqueles que não se metem na política. Quem fala sobre isso põe pra fora o que não pode ficar dentro de si, os engajados políticos não são os preocupados com a sociedade, são os egoístas e entediados, que odeiam tanto a si que precisam tentar mudar a vida do outro, um outro que, muitas vezes, só quer ser deixado em paz!

"Na conversa da sociedade, três quartos das perguntas feitas e das respostas dadas são para magoar um pouco o interlocutor; é por isso que muita gente tem sede da sociedade: ela confere a todos o sentimento de sua força"
Nietzsche - Humano, demasiadamente humano (citação retirada da Wikipédia)


Os cutopolíticos têm isso dentro de si, faz parte, como a visícula (que conversa você já ouviu sobre a visícula do seu amigo que foi interessante?). Como a Claymore, cujas entranhas foram substituídas por partes de monstros, conferindo-as com um poder absurdo, passando a serem temidas pelos homens que devem proteger e pelos monstros que devem matar. Ou os meio-elfos - odiados pelo progenitor e pela progenitora.


Assim, como na citação inicial, tomei atitudes políticas recentemente que me trazem a esse papel de humano, vomitador de eumismos, mesmisses do novo - me contradisse em uma luta contra a contradição de outros que conseguiram pela primeira vez conquistar esse lugar de contraditórios: aqueles que gritavam por democracia se matam para se manter no poder, ao menos nas mentes dos novos, aqueles que têm peso para servir de marionetes em seus joguinhos. Parabéns, finalmente mostraram um pouco de atitude. Um pouco de dança dos humanos. Daqueles que se colocam em lugar de diferente, de merecedora de prestígio.
(um detalhe: vocês não são! São escoriazinha, mas progridem, Até as taenias andam para frente nos intestinos)

Mas esse texto era sobre minhas contradições.
Não falei sobre isso?
Se ao menos essa for uma bela contradição.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Água poética

Porra, mas como chove nessa cidade...todo dia, uma garoinha fina, constante (refrescante, confesso), mas toda vez que vou subir o morro: Chuva!
Mas hoje me lembraram, estamos em Março, e as chuvas estão fechando o verão.
A refrescancia desse lembrete foi músical, a água que cai do céu hoje ressoa em tom de melodia.
A água poética hoje foi bem vinda. Fez o dia ficar mais leve.

(mas acho que se amanhã chover de novo não vá ter arte que melhore as coisas...)

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Cores subterrâneas I

Por debaixo da terra marrom, túneis pretos.
Por cima, torres cinzas, céus brancos, pessoas marrons, pretas, cinzas, brancas, amarelas, vermelhas mas, principalmente - acinzentadas.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tales of Lothearill

Lothearill is a land, there, there's money. And it's not hell.
Também não é nenhum paraíso, mas é tão divertido quanto pode ser, e os chorões não são ouvidos.

Uma terra liberal.
In this place there's a king: Mr. Bojangles.
Empresas da região colocaram caixas de som pelas ruas e por onde vamos ouvimos "Lucy in the sky", "while my guitar gently weeps", "with a little help from my friends" and all the four lie gladly in their thombs (even the one alive, with his giant baggy pants).
As leis King Bojangles determines, as il vout, as it's needed.

The arts don't follow the king's orders,
e assim, são belíssimas! Pois fugir às ordens do King não é crime!
Aliás, em Lothearill só há um crime: ser reclamão, a esse crime - pena capital!
(Uma vez tentaram perdoar os reclamões, quase foi o fim de Lothearill, que começou a caminhar rumo à chatisse, a monotonia, às lutas emburrecidas, aos extratos inventados por teóricos sem talento, com dinheiro e com merda na cabeça)
Não há lugar no mundo com arte como a de Lothearill, lá a arte não vai às ruas com a missão pacificadora de salvá-la de si mesmas, de suas forças, ela É as ruas, está lá e é levada/trocada com a arte das casas - que são arte também.
É triste em Lothearill nem todos terem suas próprias casas. (Mais triste seria alguém acreditar que é possível pensar uma solução para isso, é permitido ser burro, mas como me irrita a burrice das pessoas do mundo...)

Em Lothearill ninguém quer mudar, entendem que não importa o que se faça, não são teorias anciãs que vão melhorar qualquer coisa. Não uma naturalização das coisas e relações, mas um ouvido mais apurado, olhos mais belos e observadores e menores sentimentos de culpa por se sentir melhor e podendo mais que outros.

Outros...
em Lothearill tem outros e são outros que não dependem de você. (igual ao nosso mundo, acredite ou não).
King Mr.Bojangles não atende telefones, ele é King, has a secretary to do that for him and she doesn't feel inferior for doing that, her happiness is not in doing so, is in being her, in her encouters with life. E os "reclamadorezinhos" a deixam em paz por pensar isso - não ficam a chamando de alienada. Ela (muito mais inteligente que eles) é muito mais inteligente que eles.

We can see her reflection on the glass, let's call her "Philipe", e Ponderar uma queda como regredir a pensar reclamatoriamente, messianicamente. Outros as vezes "Caio", mas não em Lothearill, aqui, que é ai também, que é a beleza do agora e do amanhã, do ontem e do outro, aqui onde não temos "Mártirenezes", nem sentimentos de.
Em Lothearill não temos a "Pachecorra" de tentar salvar o mundo. Ele é bellíssimo assim; como é, e a arte também, sem precisar de pensadorezinhos para tentar enfeiar um belo espetáculo de palhaços, artistas altruístas alteristas, que não querem para o mundo sua idéia de mundo, que querem ser o mundo, estar no mundo. Como o mundo quiser.

Em Lothearill chapas únicas de esquerda perdem para o nulo.

Isso é baseado em fatos reais de um lugar no mundo: Terra.

Aura

The drum-strings of my heart pound,
ferociously!
The world seem to syncronize with the beat.
It resounds, it shakes, I tremble.
Soon it will all colide, one big bang of this Days.

Criativity wave rises, approaches, threatenously.
Soon, I will have no choice (nor did I want to).

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

House 7X12

"How happy is the blameless vestal's lot!
The world forgetting, by the world forgot.
Eternal sunshine of the spotless mind!
Each pray'r accepted, and each wish resign'd"
Alexander Pope


"Everybody dies alone", I hear'd House say that tonight,
Mas ninguém morreu mais só que Eloisa.
Quão terrível é não esquecer.
Lembrar gasta espaço, gasta tempo, gasta energia, gasta alegria.

Só esquecendo liberamos um peso do ser-temporal,
nosso passado nos precede,
mas nosso futuro não é grande o suficiente para os dois.

Um castigo, uma cruz, um deleite aos prazeres de Masoch,
Uma terceira perna para Dora, um exercício da alma para Jesus,
Uma benção, uma maldição.

A dor, o vício.
Esquecer não cura, não faz tudo passar, não melhora.
Alguns diriam superar (superar é mais uma palavra bonita dos auto-ajudos)
Mas não tem como esquecer, não temos como esquecer que vamos morrer,
que vamos sofrer, que vamos matar.

No dia seguinte de nossa morte, que esse seja o dia mais feliz de todos, por ser, talvez, o único dos dias.
Pois é nesse dia que não teremos escolha, a não ser aproveitar da fatalidade de ser gente:
O quão alegre é estar sendo gente!
Poder sofrer e amar. Amar e rir. Rir e chorar.
Sofrer por Abelard, amar Romeo, rir de Quixote, chorar por Pixote.
Um turbilhão explosivo e sentimentivo e carnitivo e pensamentivo.
Um belo turbilhão, sem solução, sem motivo, sem razão, sem obrigação.

Com certeza, um turbilhão sem solução.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lothearill

"...coloca o discurso cinematográfico a serviço da consciência social crítica. Mais do que nunca salientamos o compromisso irremediável da arte com a crítica aos valores sociais. Ela tem uma missão desfetichista, pois nos habilita a pensar nos preconceitos, estereótipos e discriminações através da idéia de profecias que se auto-realizam – as imagens negativas, as atitudes discriminatórias acabam produzindo sua própria confirmação – e, sem dúvida., é uma tarefa fundamental desconstruí-las."
Maria Liz Cunha de Oliveira, Selma Regina Nunes Oliveira, Lilian Tamy Iguma

É o que dizem: duas cabeças pensam melhor que uma, aparentemente três estragam tudo...
Um problema em falar de arte é que, como é um campo muito abrangente, as pessoas tendem a relacioná-la com tudo, inclusive com o discurso emburrecido do Marxismo messiânico.

Ontem assisti uma peça de rua, no emissário, numa ensolarada tarde de Santos, com o mar como público. Uma comédia (brilhante) de um grupo de Presidente Prudente chamado "Rosa dos Ventos", após o show fiquei (o quanto aguentei) para ouvir a discussão de alguns organizadores. Talvez sejam apenas pobres pessoas que não tiveram intelecto o suficiente para serem professores universitários e pregar o marxismo messiânico acadêmico (e convenhamos que nem é tanto intelecto assim que precisa), pois de arte mesmo ouvi muito pouco.

Qual é a dos burguesinhos culpados pelo apartamento caro dos papais que precisam tentar usar de sua posição privilegiada para salvar os oprimidos? (discurso ridículo!) Ontem um dos organizadores da mostra "Olho da Rua" (com seus óculos de R$400,00) não se cansou em colocar como tinha sido benéfico para a zona noroeste de Santos a peça realizada earlier that day, pois levara àqueles que não tinham condições de ir a um teatro um pouco de arte.
O que ele acha? Que isso mudou a vida deles? Que deveriam levantar uma estátua sua na praça do bairro?

E me revoltou tanto naquele momento quanto ao ler a citação das três ignóbeis mencionadas acima a idéia do marxismo messiânico de que precisamos mudar o mundo. Que estamos em luta para mudar o mundo.
E vão transformá-lo no que?! Gostaria de saber, pois dependendo do que for, eu saio.

Que medo é esse de perceber o que House não nos cansa de mostrar: O mundo é feio! O homem é um ser desprezível! Mas é exatamente por isso que é tão divertido! Como poderia o homem ser de qualquer outra forma, considerando que somos criaturas que apenas caminham em direção à nossa finitude? E temos consciência (e medo) disso. (CARLETTI, 2010).

Enquanto os "maxixista" reclamam do mundo que vivem, tentam mudar, são deixados pra trás por quem entende que o esquema é doce de molico: Fazemos o que podemos com o que temos. E a arte, que se tem alguma missão é exatamente a de funcionar em um registro externo ao das missões, não tem obrigação social nenhuma. Me recuso a acreditar em uma arte que sirva para construir o mundo chato dos marxistas.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Tonight, the zombies do not walk the earth

O fracasso, pela primeira vez.

Hoje minha presença, o improviment que ela trás, a aura do leão dourado (garras, músculos, presas), não quiseram.

Ah!Leão...os campos não são mais dourados-trigo. Manadas de gritos ao som de seu nome, isso não. Nunca. Apenas mini-momentos de glória, rarefeitos, insuficientes para almas flamejantes. Se as rajadas fossem mais constantes. Mas foi escasso. Muito pouco. (hoje) Nada.

Caminhas de cara limpa, glassy eyes (se adaptando ao novo corpo de alma menor), looking up, mas na verdade o leão sabe: a última chance de fazer chover labaredas. Elas nunca mais cairão ao som de sua voz, elas nunca caíram, apesar de ter sido um dos principais motivos pelo qual o leão veio ao mundo (em sua posição frente a ele).

Acho que no fundo é isso, not enough, no good.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ultimate Faggish Championship

Alguém mais, vendo coisas sobre UFC, sobre "esportes" onde homens rolam abraçados com outros homens, vendo todos os caras bombados de academia, todos os bombados de educação física, todas as menininhas (putinhas ou não) que gostam desse esteriótipo, fissurados por esse negócio, por essa gaiola e a pegação dos meninões, começou a se perguntar:
Se excesso de testosterona faz a pessoas "dar a volta" em sua masculinidade e chega de novo no nível gay de ser? Só que mais gay que gay, um que da volta de retardatário nos outros gays - não é estranho que poucas pessoas vejam isso?

I find these gays with one lap advantage very annoying.

Traduzir o comum

Em um exerciciozinho de tradução nessa quarta-feira...

"O mais difícil de traduzir não é aquilo que não sabemos, ao contrário, difícil é traduzir aquilo que sabemos demais."
VinnyDays!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Homenagem às forças brutas

Hoje em Santos passei tanto calor,
suava enquanto tomava banho.
Que potência! Que calor! A fornalha!

A noite fui à praia, joguei bola na chuva, entrei no mar.
Que refrescância! Que frescor!
Flutuar, com gotas pingando no meu rosto. Céu de ébano.

Duas forças brutas!
Não há equilibrio, esse é para quem tem medo das forças! São duas forças, dois mundos,
funcionam em diferentes registros.

Equilibrio é para quem tem medo das forças,
ficam se prendendo na idéia de que há balanceamento, pois bem: não há.
É na distorção que as potências se formam. Não tinha equilibrio para formar o Himalaia, só força!

Temos que aprender a apreciar essas forças.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Sem mais li(teratura in)cença poética

O politicamente correto domina,
os professores são autoridades pobres,
as falas - iguais.

Nadas, mortes, dores não são respeitadas.
Aliás, o respeito é tudo que sobrou.

Com respeito, Machado e Gregório nunca teriam escrito uma linha,
(respeito deveria ser atravessado de ânus à boca por um trem)

Na academia só se fala em "coletividades", "democracias", "maiorias",
palavras bonitas - cabeças vazias, cheias com mesmisses, cópias, medos de reprovação, mestres doutores vazios (alguns deles apenas bichas velhas).

Sinto que tudo que importa, hoje, é estar certo. É a única coisa que todos querem.
Assim, ninguém fala o que distoa, ninguém tem coragem.
Sem coragem Clarice e Pessoa nunca teriam segurado uma caneta ou pena.

Onde está a coragem de verdade? A coragem hoje é entendida como "coragem de fazer greve", "coragem de ir contra o sistema". Não entendem que isso já se tornou um sistema?
O mais chato dos sistemas!
Um sistema que quer dar a igualdade, que quer iguais.

A poesia não é feita de iguais,
o mundo não deveria ser feito de iguais, e nunca vai. (no fracasso de vocês me deleito!)
Onde foi parar a poesia? Onde estão os pensamentos? (encobertos pelos gritos massificados e burros de "vem pra luta você também")

Vocês ouvem? Ao longe...Drummond, és tu?
Tudo que ouço são conversas repetidas de pessoas a minha volta, cabeças acenando (concordantes), silêncio não existe mais também (não pode ser aturado), todos falam (principalmente os que deveriam se calar) a mesma coisa, repetidamente, em loop.

Assim o sol parece se pôr, a escuridão se encaminha no horizonte das palavras, o céu não tem estrelas, apenas uma lua. E é uma lua chata.